Em meio à maior ofensiva protecionista de Trump, Casa Branca poupa o Brasil e sinaliza força nas relações bilaterais
WASHINGTON, DC (ABRIL 3, 2025) – A decisão do ex-presidente Donald Trump de implementar uma tarifa base de 10% sobre todas as importações para os Estados Unidos foi interpretada como a medida mais dura de sua agenda protecionista até agora. O anúncio gerou imediatas promessas de retaliação por parte de aliados históricos e abriu espaço para temores de um novo ciclo de guerra comercial. Mas um detalhe passou quase despercebido: o Brasil foi poupado de penalidades mais severas.
Dentro da lista de países que enfrentarão apenas a tarifa mínima estão economias como Reino Unido, Austrália e Singapura. A expectativa do mercado, no entanto, era de que o Brasil fosse alvo de uma taxação mais pesada, o que não ocorreu. Segundo analistas em Washington, essa escolha não foi acidental.
Para o advogado Vinicius Bicalho , especialista em direito internacional e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A., a decisão revela um dado estratégico. “Esperava-se que o Brasil fosse incluído em uma faixa tarifária mais alta, especialmente por conta do volume e da diversidade das exportações brasileiras para os Estados Unidos. O fato de isso não ter acontecido é uma mensagem clara: apesar das turbulências globais e do discurso de endurecimento, as relações Brasil-EUA seguem preservadas em alto nível”, afirmou.
A nova tarifa entra em vigor no dia 5 de abril e deverá ser paga pelas empresas que importam os produtos. Isso pode gerar efeito indireto nos preços ao consumidor americano, mas não altera de forma drástica a dinâmica atual com o Brasil.
Ainda segundo Bicalho , o momento exige atenção, mas também leitura política.
“O cenário é de reconfiguração, e o Brasil tem se mantido fora do radar punitivo em decisões importantes. Isso se deve não apenas à estabilidade da relação comercial, mas também à diplomacia ativa que vem sendo conduzida nos bastidores.”
Na prática, o Brasil evitou um prejuízo considerável e saiu ileso de uma medida que já afeta diretamente as relações dos Estados Unidos com outros países latino-americanos. O gesto confirma que Brasília e Washington, mesmo sob discursos nacionalistas, mantêm uma via aberta de diálogo e pragmatismo.