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Visto Americano para Corretor de Imóveis: internacionalizando a carreira nos EUA

Corretores de imóveis brasileiros têm buscado novas oportunidades no mercado americano, e entender as opções de vistos disponíveis é o primeiro passo para essa transição. Saiba quais são os vistos mais adequados , suas exigências, benefícios e como estruturar um plano de internacionalização sólido.
Tempo de leitura: 6 minutos
visto americano para corretor de imóveis
Fonte: Shutterstock

Para muitos profissionais, buscar um visto americano para corretor de imóveis virou um movimento natural de carreira. Os motivos se somam: um mercado com altíssima liquidez e participação global de investidores; comissões em dólar e tíquetes médios maiores, que aumentam previsibilidade de receita; segurança jurídica e contratos padronizados; dados abundantes via MLS que reduzem assimetrias e aceleram decisões.

Corretores brasileiros nos EUA também podem se beneficiar de uma base relevante de clientes brasileiros/latinos em várias cidades dos EUA — o que oferece oportunidades de captação, relacionamento e pós-venda. 

Some a isso a facilidade de criar funis digitais cross-border (captação no Brasil e atendimento nos EUA) e a possibilidade de escalar operações com nichos claros (residencial, multifamily, vacation rentals, gestão de propriedades): o resultado é um cenário onde internacionalizar deixa de ser um sonho e se torna uma estratégia de evolução profissional, alinhando parceria com corretores americanos, licenciamento estadual e a escolha correta da categoria de visto.

Como o mercado dos EUA favorece o corretor brasileiro

A atratividade do mercado americano começa pela diversidade de nichos e pelas múltiplas fontes de receita. Além de transações tradicionais de compra, venda e aluguel de imóveis, muitos profissionais agregam vacation rentals e property management, construindo pilares de renda recorrente e pipeline mais previsível. 

O mercado de Real Estate ainda conta com o chamado MLS (Multiple Listing Service ou Serviço de Listagem Múltipla, um banco de dados compartilhado por corretores imobiliários licenciados para listar imóveis à venda em uma área específica) que viabiliza comparações objetivas entre imóveis, histórico de preços e métricas por região, reduzindo assimetrias de informação e profissionalizando captação, precificação e negociação.

A segurança jurídica e a presença de title companies/escrow mitigam riscos no fechamento, enquanto contratos padronizados encurtam o ciclo operacional. 

Para quem chega do Brasil, atender comunidades brasileiras/latinas é um acelerador natural: idioma, referências culturais e rede de confiança encurtam a jornada de decisão do cliente e ampliam indicações, reforçando a relevância prática do visto americano para corretor de imóveis como peça do plano de expansão.

Vistos viáveis para corretores de imóveis 

Não existe um “visto americano para corretor de imóveis” específico por profissão. A estratégia passa por enquadrar o seu perfil e plano de atuação na categoria adequada. Abaixo, as rotas mais utilizadas para perfis do setor.

Visto EB-2 NIW (National Interest Waiver – dispensa por interesse nacional)

O Visto EB-2 NIW é indicado quando o(a) profissional consegue demonstrar que seu projeto tem impacto nacional — isto é, que transcende o benefício local e gera ganhos amplos ao país. 

No imobiliário, isso pode ocorrer com uso de tecnologias que ampliam transparência e eficiência, iniciativas de habitação acessível e revitalização urbana, ou ainda metodologias escaláveis que aumentem segurança, reduzam custos de transação e promovam geração de empregos indiretos (construção, manutenção, serviços).

O pilar do NIW é um plano de ações crível, seja Professional Plan ou Business Plan: objetivo, escopo, cronograma, entregas e capacidade real de execução nos EUA. A análise considera a trajetória de mérito (resultados, prêmios, mídia, publicações, convites como avaliador, liderança de projetos) e o nexo causal entre a sua experiência e a execução do plano proposto. 

Para corretores(as) empreendedores(as) e inovadores(as), o NIW remove a necessidade de oferta de trabalho e permite avançar sem PERM, desde que a tese de interesse nacional seja sólida, mensurável e sustentada por evidências.

Visto EB-1A (habilidade extraordinária)

O Visto EB-1A é um caminho direto ao Green Card voltado a profissionais com reconhecimento extraordinário e sustentado ao longo do tempo. 

No contexto imobiliário, isso pode incluir recordes de vendas com relevância setorial, prêmios expressivos, presença consistente na mídia qualificada, palestras em conferências de peso, papéis de liderança em entidades do setor e convites como jurado/avaliador. 

A narrativa deve conectar com clareza o que você fez, como foi reconhecido e por que isso importa para o setor, evidenciando impacto além do seu mercado imediato. É um padrão probatório alto, que requer curadoria de documentos, métricas e cartas de referência robustas — mas, quando bem estruturado, proporciona autonomia total, sem depender de empregador. Ou seja, é uma rota direta ao Green Card, dispensa de oferta de trabalho.

Visto L-1 (transferência dentro do mesmo grupo econômico) 

O visto americano L-1 é indicado para quem já atua em uma empresa no Brasil (imobiliária, incorporadora, gestora de propriedades, proptech, investment/asset management com foco imobiliário) e pretende abrir ou expandir uma operação nos EUA, dentro do mesmo grupo. 

Em termos práticos, você estrutura uma filial, subsidiária ou afiliada americana e transfere um(a) executivo(a)/gerente (L-1A) ou um(a) profissional com conhecimento especializado (L-1B) para liderar a implantação e o crescimento do negócio.

Para o L-1 funcionar, é indispensável o vínculo qualificado entre as empresas (Brasil ↔ EUA) e a experiência prévia do transferido(a): em regra, mínimo de 1 ano trabalhando fora dos EUA, nos últimos 3, para a empresa do grupo. 

Em pedidos de new office (quando a empresa americana está nascendo), o governo analisa plano de negócios, capitalização, contrato de locação (ou espaço comercial), estrutura de cargos e cronograma de contratações, verificando se a posição nos EUA será de fato executiva/gerencial, e não operacional de corretagem do dia a dia.

Esse visto possibilita escalar os negócios: construir equipe (vendedores, marketing, property managers), abrir mercados e assinar contratos locais, além de combinar bem com modelos de corretora, gestão de propriedades, captação e flipping com governança e compliance.

É também um caminho para Green Card: após provar que a operação americana amadureceu (estrutura, equipe, faturamento, governança), o L-1A pode evoluir para EB-1C (executivo/gerente multinacional), sem PERM.

Visto E-2 (investidor – países com tratado)

O Visto E-2 viabiliza a operação de um negócio nos EUA (por exemplo, corretora, equipe de vendas ou property management) mediante investimento substancial proporcional ao porte e ao plano da empresa. 

É um visto de não imigrante (não concede Green Card direto), porém renovável e com vantagens importantes: rapidez relativa e autorização de trabalho ao cônjuge. Ele é especialmente útil para quem deseja implementar rapidamente operações comerciais e de gestão com contratação de equipe, marketing local e presença em nichos específicos. 

Duas ressalvas essenciais: (i) o Brasil não possui tratado E-2 — o candidato precisa de segunda cidadania de um país elegível; (ii) o investimento e o plano de negócios precisam demonstrar que o empreendimento é real, operacional e com impacto econômico, não meramente marginal.

Parceria com corretor americano: o que pode antes e depois da licença

A parceria pode ser a ponte inicial para inserção no mercado, desde que respeitados os limites. 

Antes da licença, a prática segura é o referral puro (onde permitido): indicar o lead, sem realizar atos de corretagem (mostrar imóvel, negociar, redigir/explicar cláusulas, orientar preço). 

Depois da licença, abrem-se alternativas de co-brokerage e atuação em teams, com acesso ao MLS e recebimento de comissões conforme split pactuado com o broker responsável. 

O erro clássico é tentar “ajudar” operando na prática sem work authorization ou sem licença, o que pode configurar infração migratória e regulatória e comprometer planos futuros de imigração.

Evidências que costumam pesar positivamente na aprovação do seu visto para os EUA

Evidências bem organizadas da trajetória profissional do corretor aceleram processos e elevam a taxa de êxito. 

No imobiliário, destacam-se KPIs de vendas (volume transacionado, market share, days on market, price-to-list ratio), prêmios e reconhecimentos setoriais, presença em mídia (reportagens, artigos, entrevistas), liderança de equipes ou projetos, publicações e cases (metodologias, playbooks, inovação), parcerias institucionais (universidades, municípios, nonprofits de habitação) e um plano de negócios/ação claro — sobretudo em E-2 e NIW — cobrindo metas, cronograma, orçamento, go-to-market e contratações.

Erros a evitar no processo migratório

Trabalhar sem licença ou autorização de trabalho é a principal armadilha.

Também prejudicam o resultado contratos de referral mal desenhados (ou incompatíveis com a regra do estado), publicidade que omite o broker responsável ou gere confusão regulatória e, no campo probatório, narrativas fracas em EB-2 NIW e EB-1A — sem métricas claras, sem lastro de impacto nacional ou desconectadas do plano a executar.

Vários caminhos para internacionalizar sua carreira

Internacionalizar a atuação como corretor de imóveis nos Estados Unidos não é uma trilha única. Dependendo do seu perfil, objetivos e momento, há múltiplas rotas possíveis — como EB-2 NIW, EB-1A e E-2 — que podem ser combinadas a estratégias práticas de parceria com corretores americanos, licenciamento estadual e posicionamento por nicho (residencial, multifamily, comercial, vacation rentals e property management). 

O ponto-chave é alinhar plano de negócio, provas/evidências e compliance (migratório e regulatório) para construir um caminho sustentável de médio e longo prazo.

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Perguntas frequentes (FAQ) sobre visto americano para corretor de imóveis

1) “Visto americano para corretor de imóveis” existe?
Não existe um visto exclusivo por profissão. As rotas mais adequadas para o setor são EB-2 NIW, EB-1A, L-1 e E-2, escolhidas conforme perfil e objetivo.

2) Posso trabalhar em parceria com corretor americano enquanto tiro a licença?
Sim, na forma de referral (onde permitido) — sem executar atos de corretagem. Depois da licença, é possível co-brokerage, participação em teams e MLS.

3) Preciso de licença estadual para receber comissão?
Para atos de corretagem, sim. Referral para não-licenciados é restrito em muitos estados.

4) EB-2 NIW serve para corretores?
Pode servir quando o projeto tem impacto nacional (ex.: proptech, habitação acessível, formação/eficiência com escala). Exige provas e um plano crível de execução nos EUA.

5) O E-2 garante Green Card?
Não. O E-2 é não-imigrante (renovável). Para Green Card, categorias imigrantes como EB-2 NIW ou EB-1A são o caminho.

6) Quais estados são “melhores” para começar?
Depende do nicho, custos de vida, requisitos de pré-licenciamento e dinâmica do MLS local. O planejamento deve considerar onde seu plano de negócios tem mais fit.