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Suspensão de vistos para estudantes pode ser derrubada pela suprema corte

A Suprema Corte dos Estados Unidos avalia se a suspensão de vistos para estudantes internacionais deve ser mantida ou derrubada. Essa decisão pode impactar milhares de imigrantes, incluindo brasileiros que desejam estudar no país.
Tempo de leitura: 2 minutos
Suspensão de vistos estudantes
Imagem gerada por IA


Decisão da Casa Branca afeta estrangeiros e amplia triagem em redes sociais, mas já enfrenta resistência jurídica

WASHINGTON, DC (AGOSTO 28, 2025)

A administração Trump ordenou a suspensão imediata de novos agendamentos para entrevistas de vistos de estudantes e de intercâmbio (F e J) em todas as embaixadas e consulados dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que anunciou uma ampliação da triagem de redes sociais dos solicitantes. A medida, considerada polêmica e politicamente motivada por críticos, pode ser revertida pela Suprema Corte, a exemplo de outras ações semelhantes do ex-presidente durante seu primeiro mandato.

O memorando, obtido por veículos de imprensa, determina que os postos diplomáticos removam da agenda todos os horários disponíveis para novas entrevistas, mantendo apenas as que já estavam confirmadas. A paralisação vale “até novas orientações” e coincide com um endurecimento da vigilância sobre postagens em redes sociais como parte do processo de análise dos pedidos de visto.

A medida ocorre em meio a um clima de tensão entre o governo e universidades americanas, especialmente diante de protestos pró-Palestina que, segundo Trump, estariam abrindo espaço para manifestações antissemitas. Harvard tornou-se o principal alvo, com o congelamento de bilhões em verbas federais e tentativas de bloqueio à matrícula de estudantes internacionais, barradas por decisões judiciais recentes.

A China reagiu oficialmente pedindo respeito aos direitos dos estudantes estrangeiros, enquanto universidades alertam para o impacto financeiro e acadêmico, já que muitos dos alunos internacionais pagam mensalidades mais altas e representam fatia relevante da comunidade acadêmica.

Para Vinicius Bicalho, advogado licenciado nos Estados Unidos e especialista em Direito Imigratório, a medida é juridicamente frágil. “O critério de triagem com base em redes sociais é subjetivo e politizável. Além disso, a suspensão de agendamentos sem justificativa concreta viola o princípio do devido processo. A Justiça americana tem um histórico consistente de conter abusos do Executivo nessa área.”

Ele lembra que, durante o primeiro mandato de Trump, a Suprema Corte bloqueou iniciativas como o fim do programa DACA, a proibição de entrada de cidadãos de países muçulmanos e até a tentativa de deportar estudantes com aulas 100% online durante a pandemia. “Esses precedentes reforçam a expectativa de que o Judiciário cumpra novamente seu papel como barreira a medidas arbitrárias”, afirma Bicalho.

A escalada no controle migratório reacende também o debate sobre os limites da Primeira Emenda, que garante a liberdade de expressão. Muitos temem que a análise de redes sociais se transforme em um mecanismo de censura indireta, punindo estudantes por opiniões políticas ou participação em protestos pacíficos.

Enquanto isso, manifestações se intensificam nos campi universitários, com estudantes alertando que, sem os estrangeiros, instituições como Harvard perderiam parte fundamental de sua identidade e excelência acadêmica.

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