Iniciativa do governo Trump visa reduzir custos com deportações forçadas e estimular saídas voluntárias com apoio logístico e financeiro
WASHINGTON, DC (MAIO 5, 2025) O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) anunciou oficialmente nesta segunda-feira, 5 de maio, o lançamento de um programa inédito de autodeportação com incentivo financeiro. A iniciativa, agora operacionalizada por meio do aplicativo CBP Home, oferece um estipêndio de US$ 1.000 a imigrantes em situação irregular que optarem por deixar o país voluntariamente. Além do valor em dinheiro, o programa também contempla assistência com passagens aéreas.
Segundo o DHS, a medida visa economizar recursos públicos, uma vez que o custo médio de deportação forçada nos EUA chega a US$ 17.121 por pessoa. “Com o novo programa, buscamos uma alternativa segura, econômica e eficiente ao sistema tradicional de remoção, preservando recursos e respeitando a decisão voluntária do indivíduo”, afirmou a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, durante coletiva de imprensa.
A proposta já havia sido antecipada de maneira informal pelo presidente Donald Trump em abril de 2025, quando ele sugeriu publicamente a possibilidade de fornecer apoio logístico e até financeiro a quem decidisse se autodeportar. Sem detalhes na época, a ideia ganhou estrutura formal com o anúncio de hoje.
Antes mesmo do lançamento oficial, a administração Trump já promovia campanhas publicitárias incentivando a saída voluntária de imigrantes indocumentados. Em março e abril, anúncios veiculados pela mídia americana alertavam sobre possíveis multas, detenções e restrições permanentes de reentrada para quem não regularizasse sua situação e permanecesse em território norte-americano.
Segundo o balanço mais recente, o atual governo deportou aproximadamente 152 mil pessoas desde janeiro de 2025, número inferior ao registrado entre fevereiro e abril de 2024 na gestão de Joe Biden, que deportou cerca de 195 mil pessoas no mesmo período.
Na avaliação do advogado Vinicius Bicalho, CEO da Bicalho Legal Consulting P.A. e professor de Direito Imigratório, a medida representa uma mudança significativa na abordagem à imigração. “O que está em jogo aqui é uma tentativa de conter gastos sem abrir mão da política de firmeza nas fronteiras. Para muitos imigrantes, essa pode ser uma saída menos traumática, sobretudo para aqueles que já enfrentam processos de remoção iminente”, explica.
Bicalho também destaca que a medida pode ter impactos estruturais no sistema de imigração. “O custo para deportar apenas uma pessoa gira em torno de US$ 17.000. Ao estimular a autodeportação, o governo não só economiza como também dá eficiência ao processo de remoção e ajuda a desafogar o sistema carcerário de imigração, que já opera além de sua capacidade”, afirma.
Bicalho ainda alerta que a decisão de autodeportar-se deve ser tomada com cautela, pois pode impactar futuras tentativas de reentrada. “Embora o governo sinalize que poderá permitir a volta de ‘bons candidatos’ à imigração legal no futuro, não há garantias formais disso. É fundamental que cada caso seja analisado juridicamente antes de qualquer decisão definitiva.”
O programa já está ativo e o cadastro pode ser feito por meio do CBP Home. A elegibilidade depende da comprovação da presença irregular e do cumprimento das exigências do DHS para saída voluntária monitorada.