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Pesquisa: Os imigrantes realmente afetam os empregos dos americanos?

Tempo de leitura: 2 minutos
impacto dos imigrantes nos empregos americanos

Os dados revelam que um pequeno grupo de trabalhadores subempregados é impactado, mas acaba sendo beneficiado pela geração de novos empregos a médio prazo.

WASHINGTON, DC – Em agosto de 2024, a taxa de desemprego nos Estados Unidos subiu levemente para 4,2%, em comparação aos 3,8% do ano anterior. No entanto, essa variação é considerada normal em uma economia tão dinâmica quanto a dos EUA, onde flutuações de curto prazo fazem parte do processo de ajuste natural do mercado. Mas, esta oscilação tem realmente influência da crescente imigração americana?

Vinicius Bicalho, professor de direito e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A., observou que esse aumento não está relacionado ao tema da imigração, uma vez que diversos estudos já demonstraram que a entrada de imigrantes, na verdade, tende a complementar a força de trabalho e não a prejudicar os trabalhadores locais. Segundo ele: “Embora o desemprego tenha mostrado uma leve alta, isso é esperado em uma economia robusta como a americana, que se adapta constantemente a novos desafios. Pesquisas já comprovaram que a imigração tem um impacto neutro ou até positivo no emprego de americanos, especialmente em longo prazo. O principal desafio atual está mais relacionado a questões econômicas, como a inflação e a reestruturação de alguns setores, do que a questões imigratórias.” Essa análise reflete o consenso entre economistas de que o mercado de trabalho dos EUA se ajusta e cresce mesmo diante de desafios conjunturais, sem que a imigração desempenhe um papel prejudicial direto na taxa de desemprego.

A imigração exerce um impacto significativo e positivo na economia dos EUA, ampliando a oferta de trabalho, aumentando salários e promovendo o crescimento econômico. Economistas observam que, ao invés de competir diretamente com cidadãos americanos, os imigrantes muitas vezes complementam a força de trabalho local, ocupando funções que se somam às dos trabalhadores nascidos no país.

Embora algumas pesquisas indiquem que certos subgrupos de trabalhadores com menor nível educacional podem ver seus salários pressionados pela entrada de imigrantes, o consenso é que os impactos negativos são mínimos. Alexander Arnon, diretor de análise econômica no Penn Wharton Budget Model, afirma que os custos para os trabalhadores nascidos nos EUA são insignificantes.

Ainda que haja divergências, economistas como Michael Clemens reconhecem que um grande fluxo de mão de obra pode ser desafiador para alguns trabalhadores americanos, mas, a longo prazo, esses profissionais tendem a se beneficiar de novas oportunidades, com muitos conseguindo empregos com melhores salários.

A imigração ajudou a esfriar um mercado de trabalho superaquecido

De acordo com o Pew Research, em 2022, 14% da população dos EUA era composta por imigrantes, com 3,3% sendo não documentados. Apesar do recente aumento para 11 milhões, esse número ainda está abaixo do pico registrado em 2007.

O Congressional Budget Office (CBO) informou que a imigração tem aumentado de forma expressiva nos últimos anos, prevendo que, entre 2021 e 2026, o número de imigrantes será 8,7 milhões maior do que as tendências anteriores à pandemia.

A chegada de imigrantes também teve um efeito positivo na economia durante a era da pandemia. Segundo Elior Cohen, economista do Federal Reserve Bank de Kansas City, essa nova força de trabalho ajudou a “esfriar um mercado de trabalho superaquecido”, especialmente após 2021, quando a demanda por trabalhadores atingiu níveis recordes. O aumento dos salários, que cresciam em ritmo acelerado, foi um dos principais fatores que pressionaram a inflação, e a imigração ajudou a aliviar essa pressão.

Fonte: Immigration Report, Fernando Hessel e Bicalho Legal Consulting P.A.

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