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Suspensão de vistos de estudantes por “risco à segurança” também ataca fraudes migratórias

A suspensão de novos vistos de estudantes nos EUA, sob o argumento de segurança nacional, também mira fraudes migratórias associadas ao uso irregular do visto F-1. A medida atinge instituições de fachada e redes ilegais que se aproveitam do sistema educacional para viabilizar permanência irregular no país.
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Suspensão de vistos de estudantes nos EUA
Imagem gerada por IA

Medida do governo dos EUA mistura ideologia, controle de discurso e repressão a permanências irregulares com vistos educacionais

WASHINGTON, DC (MAIO 29, 2025) A recente suspensão de agendamentos para novos vistos de estudantes, anunciada pelo Departamento de Estado, foi justificada como uma ação contra a disseminação de ideologias que ameaçam a segurança nacional. Mas, na prática, a medida também impõe um freio às fraudes imigratórias que há anos se escondem por trás de um suposto interesse educacional.

O visto F-1, tradicionalmente usado por estrangeiros que desejam estudar em instituições norte-americanas, virou uma das ferramentas mais utilizadas por quem busca permanecer nos Estados Unidos de forma irregular. Da matrícula em escolas de fachada à ausência nas aulas e mudanças de status não reportadas, o sistema vem sendo manipulado por redes ilegais que lucram com falsas promessas de legalização.

Em 2024, o Departamento de Estado dos EUA emitiu aproximadamente 401.000 vistos F-1, uma redução de 10% em relação aos 446.000 emitidos em 2023 . Além disso, cerca de 300.000 visitantes estrangeiros participaram do programa de intercâmbio J-1 anualmente . Esses números refletem a importância e o volume dos programas educacionais e de intercâmbio nos Estados Unidos.

A nova diretriz, embora envolta em justificativas ideológicas, pode significar o fechamento da porta para milhares de estrangeiros que viam na matrícula em cursos questionáveis uma brecha para entrar e permanecer no país. O governo também tem intensificado auditorias em instituições educacionais que operam sem infraestrutura mínima, apenas para emitir documentos que satisfaçam exigências do visto F-1.

“É preciso separar o estudante legítimo daquele que está instrumentalizando o sistema. As autoridades migratórias sabem disso e começaram a agir com mais rigor”, afirma Vinicius Bicalho, advogado licenciado nos Estados Unidos, Brasil e Portugal. Para ele, a fiscalização reforçada e a pressão sobre universidades devem continuar nos próximos meses.

A iniciativa, no entanto, acende o alerta em escolas sérias e estudantes honestos, que temem ser prejudicados por uma política genérica. “O uso do argumento da segurança nacional abre caminho para medidas amplas, que podem atingir também os que estão dentro da legalidade”, pondera o especialista.

Ao tentar conter uma suposta ameaça ideológica, os EUA acabam também desmantelando esquemas que já vinham sendo tolerados por omissão ou falta de estrutura fiscalizadora. A linha entre o discurso e a aplicação prática da lei se estreita, e com ela, o espaço para abusos diminui.

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