Demora, reprovações e exigências mais rigorosas reforçam a importância do acompanhamento jurídico
WASHINGTON, DC (MAIO 2, 2025) O processo de naturalização para obtenção da cidadania americana continua sendo um dos passos mais desejados pelos residentes permanentes nos Estados Unidos, mas também um dos mais sensíveis do ponto de vista jurídico e documental.
Apesar de não haver mudanças estruturais na Lei da Imigração, a política de análise adotada pelo USCIS (Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA) tem sido mais rigorosa. “Estamos vendo um crescimento no número de RFEs (Requests for Evidence) e até de negações em casos que, aparentemente, estavam bem instruídos”, observa o advogado Vinicius Bicalho, especialista em Direito Imigratório e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A.
Para aplicar à naturalização, é necessário atender a uma série de critérios, como o tempo mínimo de residência legal (geralmente 5 anos, ou 3 anos em casos específicos), proficiência em inglês, bom caráter moral, conhecimento sobre o governo e a história dos Estados Unidos, além de não ter dívidas fiscais ou criminais em aberto.
O exame de cidadania continua composto por uma entrevista com um oficial do USCIS e dois testes: um oral sobre civismo e outro sobre domínio da língua inglesa. Desde o início de 2024, há um esforço da agência para padronizar o exame oral, o que na prática tem deixado menos margem para respostas subjetivas ou incompletas.
Vinicius Bicalho chama atenção para o que ele considera um erro comum: “Muitos residentes acham que, por já possuírem o green card, não precisam mais demonstrar vínculos com o país. Isso não é verdade. A ausência prolongada dos Estados Unidos, por exemplo, pode levantar dúvidas sobre o real comprometimento com a nação americana”.
Outro ponto que tem gerado atenção é o cruzamento de dados entre o USCIS e outras agências federais, como o IRS e o ICE, o que facilita a identificação de pendências fiscais, inconsistências em declarações anteriores ou problemas criminais não resolvidos.
O tempo médio de processamento da cidadania nos Estados Unidos tem variado entre 7 e 14 meses, dependendo do estado e da complexidade do caso. Cidades com maior volume de pedidos, como Miami, Newark e Los Angeles, tendem a registrar prazos mais longos.
Embora o índice de aprovação geral se mantenha alto, a recomendação de especialistas é clara: “Ter um acompanhamento jurídico adequado evita riscos desnecessários. A naturalização é um direito, mas o caminho até ela exige responsabilidade, consistência e preparo técnico”, conclui Bicalho.