Especialistas debatem o histórico imigratório do bilionário e a polêmica transição de vistos que marca sua jornada nos EUA.
Washington, D.C., 29 de outubro de 2024 – Recentemente, Elon Musk compartilhou detalhes de sua jornada imigratória nos Estados Unidos, suscitando discussões e questionamentos entre especialistas. Em resposta a um artigo do Washington Post que sugere que Musk trabalhou ilegalmente nos EUA durante o início de sua carreira no Vale do Silício, o bilionário usou sua própria plataforma, X, para negar essas alegações, afirmando que sempre teve autorização para trabalhar no país.
Na série de postagens, Musk mencionou ter transitado de um visto J-1, destinado a visitantes de intercâmbio, para um visto H-1B, que autoriza trabalho em ocupações especializadas. No entanto, ele não ofereceu mais detalhes sobre a instituição que teria patrocinado seu visto J-1 ou as datas exatas de obtenção. Essa falta de clareza gerou incertezas entre especialistas, que apontam para as restrições legais de trabalho enquanto se está nos EUA com o visto J-1, normalmente reservado a estudantes em cursos ou treinamentos específicos.
Segundo Vinicius Bicalho, professor de direito imigratório e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A., “o visto J-1 é específico para programas de intercâmbio que incluem patrocínio acadêmico, como universidades ou instituições de pesquisa, e permite uma autorização limitada de trabalho, geralmente vinculada à necessidade de treinamento prático ou acadêmico relacionado ao curso.” Para ele, a transição para o visto H-1B, embora comum, requer uma autorização específica. “O H-1B permite trabalho em ocupações especializadas, mas a pessoa precisa já estar vinculada a uma empresa que esteja disposta a patrocinar o visto,” explica Bicalho.
A questão se tornou ainda mais polêmica quando Musk mencionou o presidente Biden, acusando-o de falsificar informações sobre seu status imigratório. Apoiado por seus seguidores, o empresário defendeu que a cobertura das eleições de 2024 teria motivado ataques à sua trajetória.
Especialistas em imigração questionam, no entanto, se Musk teria permanecido em conformidade com os requisitos de seu visto de estudante, uma vez que deixou seus estudos na Universidade da Pensilvânia e optou por não seguir para Stanford, onde havia sido aceito para um programa de pós-graduação. “Se um estudante deixa seu curso, perde automaticamente o status de visto J-1, e, nesse caso, ele não estaria autorizado a trabalhar,” afirma Bicalho.
A trajetória de Musk ressalta a complexidade das leis de imigração americanas e gera questionamentos sobre o que é exigido dos imigrantes que buscam seguir carreiras empresariais no país.
Fonte: Immigration Report, DHS, Fernando Hessel e Bicalho Legal Consulting P.A.
