Relatório da Academia Nacional de Ciências sugere ampliação de vistos e eliminação de barreiras para atrair talentos qualificados
WASHINGTON, DC – A Academia Nacional de Ciências (NAS) publicou um novo relatório alertando que os EUA não conseguirão manter os melhores talentos globais sem mudanças significativas em seu sistema de imigração. O comitê da NAS, composto por cientistas, professores e especialistas em segurança nacional, sugere que o Congresso adote medidas para aumentar o número de green cards baseados em emprego, eliminar os limites por país para vistos de profissionais altamente qualificados e expandir o fluxo de talentos internos em ciência e engenharia. Esse estudo foi encomendado pelo Departamento de Defesa, após uma orientação do Congresso, e destaca a intensa competição global por trabalhadores qualificados.
Para a Immigration Report, empresa de pesquisa de dados imigratórios, a principal recomendação do relatório é a ampliação do número de green cards para trabalhadores estrangeiros qualificados. “O documento sugere que o Congresso crie processos mais simples para que profissionais internacionais das áreas de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) possam obter residência permanente e cidadania.” destaca Fernando Hessel fundador da Immigration Report. O relatório também defende a criação de uma nova categoria de green card sem limites por país e sem restrições numéricas, com elegibilidade estendida para graduados internacionais de STEM nas universidades dos EUA.
Em 2022, a Câmara dos Deputados chegou a incluir uma provisão semelhante na Lei CHIPS e Ciência, que isentava os limites anuais de green cards para estrangeiros com doutorado em áreas STEM e mestres em indústrias críticas. No entanto, essa medida foi bloqueada no Senado pelo republicano Charles Grassley, impedindo sua aprovação.
Devido aos limites atuais para vistos de emprego e o teto por país, mais de um milhão de indianos aguardam na fila para conseguir um green card. O sistema de vistos H-1B, com uma cota anual de apenas 65 mil novos pedidos, tem se mostrado insuficiente para suprir a demanda, com apenas 25% dos candidatos conseguindo aprovação a cada ano.
Mark Barteau, presidente do comitê da NAS, afirmou que o atual sistema de imigração dos EUA tem dificultado a retenção de talentos internacionais. Ele enfatizou que a flexibilidade nas políticas de vistos é essencial para que o país possa aproveitar os benefícios trazidos por esses profissionais.
O relatório da NAS cita diversos estudos que comprovam os benefícios de admitir cientistas e engenheiros estrangeiros. Uma pesquisa da National Foundation for American Policy revelou que mais de 55% das startups bilionárias nos EUA foram fundadas por imigrantes, e que 40% dos Prêmios Nobel em química, medicina e física concedidos a americanos desde 2000 foram para imigrantes.
Além disso, estudos mostram que a presença de profissionais com visto H-1B está associada a menores taxas de desemprego e maior crescimento salarial para graduados americanos. Outra pesquisa sugere que a falta de trabalhadores qualificados nos EUA tem levado empresas a terceirizar empregos tecnológicos e a reduzir investimentos em pesquisa e desenvolvimento no país.
Para Vinicius Bicalho, CEO e advogado principal da Bicalho Legal Consulting P.A. o Brasil é um dos países com uma formação acadêmica de interesse aos Estados Unidos e com enorme potencial a ser explorado: “Em 2019, a National Foundation for American Policy relatou que, em geral, 55% das empresas bilionárias nos EUA tinham pelo menos um fundador imigrante, o que inclui profissionais de vários países, como o Brasil. Além disso, o Brasil foi responsável por cerca de 1,5% dos vistos H-1B emitidos em 2020, o que dá uma ideia de quantos brasileiros poderiam estar em vias de solicitar o green card com base em trabalho qualificado.” pontua Bicalho.
Fonte: Immigration Report, Fernando Hessel e Bicalho Legal Consulting P.A.