Um aumento na migração está transformando a força de trabalho dos EUA, com efeitos duradouros na economia.
WASHINGTON, DC – Os Estados Unidos estão vivenciando a maior onda de imigração em décadas, com milhões de pessoas chegando em busca de segurança e oportunidades econômicas. Esse fluxo está remodelando a força de trabalho e pode influenciar a economia por muitos anos.
De acordo com o repórter Paul Kiernan do *Wall Street Journal*, mais de nove milhões de pessoas migraram para os EUA desde o final de 2020, após contabilizar aqueles que partiram. Esse número quase iguala o total de imigrantes que chegaram durante toda a década anterior. A imigração impulsionou o crescimento populacional dos EUA para 1,2% ao ano — o maior desde os anos 1990. Sem esse impulso, o crescimento populacional seria de apenas 0,2% e começaria a declinar até 2040, segundo projeções do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO).
Vinicius Bicalho, CEO e advogado principal da Bicalho Legal Consulting P.A., observa: “A boa hegemonia da economia americana continua atraindo imigrantes qualificados, sustentando o país diante do competitivo mercado internacional, especialmente em relação à Ásia. Os EUA permanecem um destino altamente atrativo para talentos globais, o que reforça nossa economia e inovação. Estes números comprovam as nossas análises neste mercado.”
Tendências de Imigração
Desde 2021, a imigração líquida adicionou cerca de 9,3 milhões de pessoas, mais que triplicando o número de entradas no país nos quatro anos anteriores. O CBO (Congressional Budget Office) divide esses novos imigrantes em três grupos: residentes permanentes legais, não-imigrantes e outros estrangeiros. Enquanto os residentes permanentes legais (como os titulares de green card) mantêm um fluxo constante, o maior aumento veio de outros estrangeiros, o que inclui pessoas que entraram nos EUA sem autorização prévia ou que foram autorizadas enquanto aguardam os processos no tribunal de imigração.
Onda Controversa
Essa onda de imigração gerou controvérsia, principalmente porque muitos dos recém-chegados não entraram por canais legais. Dos 9,3 milhões, menos de 30% — cerca de 2,6 milhões — são considerados “residentes permanentes legais”. Outros 230 mil fazem parte da população de não-imigrantes, que inclui trabalhadores temporários e estudantes. A maioria — cerca de 6,5 milhões — é classificada como “outros estrangeiros”, muitos dos quais cruzaram a fronteira sul sem autorização prévia e solicitaram asilo. Enquanto aguardam audiências judiciais, muitos já estão trabalhando.
Demografia dos Imigrantes Recentes
Os imigrantes recentes tendem a ser mais jovens e mais propensos a trabalhar do que seus equivalentes nascidos nos EUA. Dados do censo mostram que 78% dos migrantes que chegaram após 2020 têm entre 16 e 64 anos, em comparação com apenas 60% dos indivíduos nascidos nos EUA. Além disso, 68% dos imigrantes recentes estão empregados ou em busca de emprego, em comparação com 62% dos americanos nativos.
Embora os imigrantes recentes apresentem taxas de desemprego mais altas (8,2%) do que os trabalhadores nascidos nos EUA (4,2%), eles também são mais propensos a ocupar certos empregos em alta demanda. Muitos dos imigrantes pós-2020 trabalham em cargos de menor salário, como operários da construção civil, faxineiros e cozinheiros. No entanto, também há trabalhadores qualificados, com desenvolvedores de software sendo a oitava ocupação mais comum entre esses recém-chegados.
Desafios e Contribuições
Os imigrantes recentes, em geral, ganhem menos devido a níveis educacionais mais baixos, barreiras linguísticas e restrições legais de trabalho, eles contribuem para a economia de diversas formas. À medida que ganham experiência, seus salários tendem a aumentar, e aqueles com diplomas universitários contribuem para a inovação. Além disso, desde o momento em que começam a trabalhar, os imigrantes pagam impostos, ajudando a reduzir o déficit federal.
Padrões de Assentamento
Os recém-chegados se estabeleceram em todo o país, com Flórida, Texas, Califórnia, Nova York e Nova Jersey recebendo os maiores números de imigrantes que têm audiências de imigração desde o final de 2020. Estados como Alasca, Vermont e Virgínia Ocidental viram os menores números.
À medida que essa onda de imigração continua, os efeitos a longo prazo no mercado de trabalho e na economia dos EUA são esperados para crescer, possivelmente remodelando a força de trabalho do país por gerações.
Fonte: Immigration Report, Fernando Hessel e Bicalho Legal Consulting P.A.