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Holding Familiar: uma das formas mais seguras de planejamento sucessório

A holding familiar é uma estrutura societária utilizada para proteger e organizar o patrimônio, garantindo mais segurança no planejamento sucessório. Além de reduzir conflitos entre herdeiros, essa estratégia pode gerar economia tributária e facilitar a gestão dos bens.
holding familiar
Fonte: Shutterstock

Preservar um patrimônio é tão difícil quanto conquistá-lo. Por isso, cada vez mais as famílias vêm adotando a holding familiar com uma solução ideal para garantir que o patrimônio permaneça seguro e bem gerido pelas próximas gerações? 

Essa estrutura, cada vez mais comum no Brasil, permite que famílias organizem seus bens em uma empresa, com foco na proteção patrimonial, planejamento sucessório e eficiência tributária.

Neste artigo abordaremos o que é uma holding familiar e como ela funciona, quais seus principais benefícios e desafios e como ela funciona em caso de falecimento.

Ao final do conteúdo você entenderá melhor como criar uma holding de maneira eficiente, segura e dentro da legalidade. Continue a leitura!

O que é uma holding familiar?

A holding familiar é uma empresa constituída para administrar o patrimônio de membros de uma mesma família, concentrando bens e ativos sob uma mesma estrutura jurídica.

O objetivo da holding familiar é proteger o patrimônio da família e organizar a sucessão hereditária ainda em vida, através de regras bem estabelecidas e estratégicas de gestão e transferência de bens. 

Atualmente, uma holding familiar é um dos meios mais eficientes de se realizar o planejamento patrimonial, pois engloba vantagens dos campos tributário e sucessório.

Como funciona a holding familiar?

A constituição de uma holding familiar envolve etapas estratégicas e requer o apoio de especialistas jurídicos, contábeis e societários. Entenda como o processo funciona:

  1. Levantamento e avaliação dos bens da família;
  2. Definição do modelo societário (LTDA ou S/A);
  3. Elaboração do contrato social com cláusulas sucessórias;
  4. Registro da empresa e emissão do CNPJ;
  5. Integralização dos bens ao capital social;
  6. Planejamento tributário e contábil.

Depois de constituída, a holding familiar opera da seguinte forma:

  • Os membros da família se tornam sócios da empresa;
  • Os bens são administrados pela holding, e não mais diretamente pelos indivíduos;
  • Cada sócio possui cotas representativas do valor dos bens aportados;
  • A gestão e sucessão patrimonial seguem as regras definidas no contrato social ou estatuto definido;
  • As decisões importantes são tomadas em assembléias ou reuniões conforme os acordos societários. 

Dessa maneira é possível centralizar a administração dos bens, evitando conflitos entre os herdeiros e garantindo a continuidade da gestão após o falecimento de um dos sócios.

Quais são as vantagens da holding familiar?

Avaliar se a holding familiar é adequada para o seu caso começa por entender os benefícios concretos que esse modelo pode trazer ao planejamento patrimonial da sua família.

  1. Planejamento sucessório em vida

A holding familiar permite organizar a sucessão hereditária ainda em vida, estabelecendo regras claras para a divisão dos bens. Isso evita disputas entre herdeiros, reduz o risco de judicialização e torna o processo mais rápido, eficiente e econômico do que um inventário tradicional.

  1. Redução de tributos

Ao concentrar os bens em uma pessoa jurídica, é possível reduzir a carga tributária sobre os rendimentos como:

  • Aluguéis;
  • Lucros e dividendos;
  • Juros;
  • Transferência de bens.

Em muitos casos, a tributação para empresas é mais vantajosa do que para pessoas físicas, o que representa economia relevante no longo prazo.

  1. Proteção patrimonial

Com uma estrutura bem planejada, a holding familiar protege os bens patrimoniais dos sócios, blindando-os de riscos jurídicos e financeiros. Isso é possível por meio de boas práticas de governança corporativa, que também valorizam os ativos e fortalecem a gestão.

  1. Agilidade na sucessão dos bens

Como os bens já estão sob a estrutura da empresa, a sucessão é feita através da transferência de cotas societárias, sem a necessidade de inventário judicial. Isso garante mais rapidez e menos burocracia no processo de transição patrimonial.

  1. Continuidade e governança familiar

A holding permite profissionalizar a gestão do patrimônio familiar, incorporando mecanismos de governança corporativa que favorecem a harmonia entre os sócios, a continuidade dos negócios e a preservação do legado familiar ao longo das gerações. 

Conhecer essas vantagens e compará-las com eventuais desvantagens é essencial para alinhar sua estratégia de holding familiar com os objetivos da sua família.

Quais são as desvantagens da holding familiar?

Embora a holding familiar ofereça diversos benefícios, como proteção patrimonial e eficiência sucessória, é fundamental analisar também os possíveis desafios que podem surgir com essa estrutura.

Conhecer tanto os prós quanto os contras é essencial para tomar uma decisão estratégica e segura sobre o futuro do patrimônio familiar. 

  1. Conflitos entre sócios e divergência na gestão

Como os integrantes da holding familiar podem ser de diferentes áreas de atuação e formação, pode haver conflitos no momento de tomadas de decisões. A ausência de alinhamento entre os sócios pode comprometer a eficiência da gestão e dificultar o andamento dos negócios.

  1. Risco de excesso de hierarquia e burocracia

Uma estrutura muito hierarquizada pode causar:

  • Perda de agilidade nas tomadas de decisão;
  • Falta de clareza sobre responsabilidades;
  • Dificuldades na gestão de crises.

Essa burocratização pode gerar atrasos  e reduzir a capacidade da empresa de reagir rapidamente

  1. Risco de aumento na carga tributária

Se não houver um planejamento patrimonial adequado, a constituição da holding familiar pode gerar aumento de impostos. Isso pode ocorrer em alguns casos, como se:

  • Os lucros forem compensados de forma imediata;
  • Não houver uma estratégia clara sobre a distribuição de rendimentos.

Portanto, contar com a orientação de um profissional especializado é essencial para evitar complicações fiscais e garantir o sucesso do planejamento da sua holding.

  1. Fragilidade nas relações familiares

Alinhar questões patrimoniais com o ambiente corporativo pode intensificar conflitos familiares, especialmente em casos onde a comunicação entre os membros não for transparente e madura. 

Quando possíveis conflitos não são gerenciados adequadamente, podem comprometer tanto a empresa quanto os relacionamentos familiares, tornando a situação delicada e, às vezes, irreversível.

Avaliar os riscos e limitações com antecedência evita frustrações e garante que a estrutura realmente funcione como esperado.

Como funciona a tributação e os impostos na holding familiar?

Além de proteger o patrimônio e organizar a sucessão, a holding familiar também pode representar uma significativa economia tributária.

Na maioria dos casos, a holding familiar opta pelo regime do Lucro Presumido, que permite uma apuração simplificada dos tributos, como: Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Nesse regime, a base de cálculo é de 32% sobre a receita bruta, especialmente em casos de receitas advindas de aluguéis. No entanto, essa porcentagem pode variar de acordo com o tipo e o uso dos imóveis. Ou seja, a economia pode ser significativa ao longo do tempo, especialmente para quem possui imóveis que geram renda regularmente. 

Mas é essencial manter a contabilidade em dia e evitar omissões de receita. A Lei n°9.249/1995, no Art. 24, determina que caso seja verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica.

Além disso, se a empresa possuir atividades diversificadas no Lucro Presumido e não for possível identificar a origem da receita omitida, a Receita aplicará a alíquota mais elevada disponível. 

Portanto, é essencial contar com o apoio de especialistas na estruturação e na gestão contábil da holding familiar, para garantir o máximo de segurança jurídica e fiscal. 

Quanto custa abrir e manter uma holding familiar?

Se você está considerando criar uma holding familiar, é essencial entender os custos envolvidos – tanto na constituição quanto na manutenção mensal da estrutura.

Essa é uma decisão que exige planejamento financeiro, mas que pode gerar economia tributária e segurança patrimonial a longo prazo. 

A criação da holding envolve a constituição formal da empresa, isso inclui registros, certidões e serviços profissionais especializados. O investimento inicial pode ser em torno de R$ 15.000,00

Esse valor, normalmente, engloba:

  • Honorários advocatícios especializados em direito societário e sucessório;
  • Serviços de contador para abertura e estruturação fiscal;
  • Taxas da Junta Comercial e Receita Federal;
  • Registros em cartório;
  • Emissão de certidões e livros obrigatórios. 

Mas, caso o objetivo seja transferir imóveis da pessoa física para a holding, é necessário considerar o custo cartorário individual por bem, que pode chegar a R$ 4.000,00. Esse valor cobre o registro de transferência, taxas de cartório e custos com certidões e escrituras atualizadas. 

Para a manutenção mensal de uma holding familiar é necessário contar com os serviços contábeis, obrigações fiscais e suporte jurídico, o valor também pode variar entre R$ 800,00 a R$ 2.000,00, de acordo com:

  • Número de imóveis ou ativos administrados;
  • Regime tributário adotado
  • Complexidade da estrutura societária. 

Apesar dos custos iniciais e mensais, a holding familiar pode representar economia considerável em impostos, com o investimento inicial podendo ser compensado ao longo do tempo em ganhos em eficiência tributária e segurança jurídica

Holding familiar ou doação em vida: qual é a melhor opção?

Entre as opções mais utilizadas para o planejamento sucessório, com o intuito de evitar o desgaste do inventário judicial estão:

  • A doação de bens em vida, feita por pessoa física;
  • E a constituição de uma holding familiar, feita por pessoa jurídica. 
AspectoHolding FamiliarDoação em Vida
EstruturaPessoa JurídicaPessoa Física
Custos iniciaisMais elevadosMenores (a princípio)
Controle do patrimônioMantido via contrato socialPode ser parcial ou total
Proteção patrimonialAlta (blindagem jurídica)Limitada
Flexibilidade de gestãoAlta (com governança e regras internas)Limitada
Tributação sobre rendimentosMenor (lucro presumido, isenção sobre lucros)Maior (IRPF sobre aluguéis e rendas)

Ambas são estratégias legais e válidas, mas têm diferenças importantes em termos de custo, controle, proteção e tributação. 

Ou seja, a holding familiar, enquanto uma opção mais completa pode oferecer mais controle, proteção e economia fiscal.

O ideal é sempre consultar um advogado especializado em planejamento sucessório, para garantir a segurança do futuro da sua família.

Holding familiar e o falecimento do patriarca

No caso da holding familiar, os bens não passam por inventário, pois já pertencem à empresa. A sucessão ocorre pela transferência das cotas aos herdeiros, conforme o que foi definido em contrato. Evitando, assim:

  • Custos com cartório e honorários advocatícios;
  • Longos prazos judiciais;
  • Conflitos entre herdeiros;
  • Riscos de dilapidação do patrimônio. 

Desvendando os principais mitos sobre holding familiar

A holding familiar é uma estratégia cada vez mais procurada por famílias que desejam organizar e proteger seu patrimônio. Mas, por ainda ser uma estrutura relativamente nova no Brasil, ela é cercada de mitos e mal-entendidos. 

Abaixo listamos alguns dos mais comuns, para esclarecemos essas dúvidas sobre o assunto:

  1. “Holding é só para ricos”: Embora famílias com grande patrimônio recorram a esse modelo, mesmo patrimônios menores podem se beneficiar, especialmente em alternativa ao inventário, facilitando a sucessão e reduzindo impostos. 
  2. “Todo o patrimônio fica blindado”: A holding ajuda a proteger o patrimônio, mas não o torna imune à lei ou a credores. Ela dificulta a dilapidação por desorganização ou disputas, mas não garante blindagem total. 
  3. “Os herdeiros passam a mandar nos bens”: A gestão pode permanecer nas mãos do fundador. Mas o contrato social da holding define as regras de administração e permite a organização do controle com as cotas de doação aos herdeiros.
  4. “É igual a doação em vida”: Não são a mesma coisa. A doação transfere bens diretamente, já a holding transfere cotas societárias, mantendo regras de gestão e sucessão, com mais segurança e controle. 

Desmistificar a holding familiar é essencial para garantir um bom planejamento patrimonial.

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