Mudança no visto J-1 elimina exigência de retorno de pesquisadores da China e Índia, ampliando acesso a empregos nos EUA
Washington, D.C., 09 de dezembro de 2024 O Departamento de Estado dos EUA atualizou a “Exchange Visitors Skills List”, uma lista que define quais nacionalidades precisam retornar aos seus países após o fim do visto J-1. A principal mudança foi a retirada de China e Índia da lista, eliminando a exigência de que pesquisadores e cientistas desses países cumpram dois anos de residência obrigatória em suas nações de origem.
A decisão, que tem efeito retroativo, permitirá que pesquisadores dessas nacionalidades solicitem vistos de trabalho, como o H-1B, L-1 e o ajuste de status para a residência permanente (Green Card), sem precisar deixar os EUA. Para o advogado e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A., Vinicius Bicalho, a medida traz maior competitividade para o mercado americano. “Essa atualização reflete a realidade do mercado global. Antes, muitos cientistas eram forçados a voltar para seus países, mesmo com ofertas de emprego nos EUA. Agora, o país se torna mais atraente para talentos globais, especialmente nas áreas de tecnologia e inovação”, afirmou Bicalho. A regra beneficia especialmente o setor privado. Diferente do visto H-1B, que exige vínculo empregatício direto, o visto J-1 é patrocinado por instituições como universidades, hospitais e organizações de pesquisa. Agora, o Departamento de Estado quer que pequenas e médias empresas americanas do setor de tecnologia também utilizem o J-1 para atrair talentos globais.
“Grandes universidades e hospitais já usam o visto J-1 há anos, mas pequenas empresas de tecnologia ainda não exploram esse potencial. Essa atualização facilita o acesso de pequenas empresas a talentos globais de forma mais ágil e eficiente”, explica o advogado.
Para especialistas, a mudança corrige uma distorção no sistema de imigração. “Os Estados Unidos não podem se dar ao luxo de perder talentos para outros países. Agora, empresas de tecnologia terão mais segurança para apostar em talentos globais”, destaca Bicalho.
A atualização ocorre em um momento de forte demanda por profissionais STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) nos EUA. O setor privado financia 90% das pesquisas experimentais de STEM no país, mas enfrenta escassez de profissionais qualificados para ocupar cargos de alta complexidade.
A última vez que a lista de habilidades foi revisada foi há 15 anos. Desde então, a China e a Índia consolidaram-se como potências tecnológicas globais, o que, na avaliação de especialistas, tornava a exigência de retorno ao país de origem obsoleta. “O mercado mudou, e os EUA precisavam se adaptar para não perder competitividade”, conclui Vinicius Bicalho.
Fonte: Immigration Report, DHS, Fernando Hessel e Bicalho Legal Consulting P.A.