Nem todo visto gera green card, mas toda entrevista consular pode causar dor de cabeça
WASHINGTON, DC (ABRIL 17, 2025) – A simples menção à palavra “entrevista” já é suficiente para causar ansiedade. Mas, no caso das entrevistas consulares para obtenção de visto americano, especialmente entre brasileiros, o medo ganha outra dimensão. Seja para quem quer apenas visitar os Estados Unidos, seja para quem busca viver legalmente no país, esse momento é decisivo.
No caso dos vistos de não imigrante, como o de turista (B1/B2), estudante (F-1) ou intercambista (J-1), a entrevista acontece nos consulados ou na Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. O principal objetivo do agente consular é verificar se o solicitante representa risco migratório, ou seja, se vai mesmo retornar ao Brasil após o período autorizado de permanência. A Seção 214(b) da Lei de Imigração e Nacionalidade é a base mais usada para justificar recusas. Em 2023, mais de 40 mil brasileiros tiveram seu visto B1/B2 negado, segundo o U.S. Department of State.
O volume de estrangeiros tentando entrar legalmente nos Estados Unidos com o visto B1/B2 continua impressionante. Em 2024, foram mais de 8,9 milhões de pedidos desse tipo de visto, sendo 6,4 milhões aprovados e 2,4 milhões negados, segundo dados oficiais do U.S. Department of State. O número reforça o quanto esse processo é comum e também o quanto é delicado. A negativa, muitas vezes, acontece mesmo quando o solicitante cumpre todos os requisitos básicos.
A taxa ajustada de recusa para brasileiros no visto B1/B2, no ano fiscal de 2024, foi de 15,48%. Isso significa que, mesmo entre os que passam pela triagem inicial e comparecem à entrevista, uma parcela considerável ainda recebe o “não”. A entrevista é, portanto, o momento decisivo. O comportamento, a segurança nas respostas e a coerência com os documentos entregues podem determinar o sucesso ou o fracasso do pedido.
Nesses casos, o foco está nos vínculos com o Brasil. Documentos que comprovem trabalho estável, renda regular, propriedades, matrícula em instituição de ensino ou dependentes diretos ajudam a fortalecer o pedido. Mas, mesmo com tudo em ordem, o julgamento é subjetivo e o medo da negativa é constante.
Já nas entrevistas para vistos que dão direito ao green card, a lógica muda. Elas ocorrem tanto fora quanto dentro dos Estados Unidos. Se o solicitante está no Brasil ou em outro país, ele passa pela chamada entrevista consular imigrante, geralmente após aprovação do processo junto ao National Visa Center. Mas se a pessoa já está em solo americano, o processo segue para o USCIS, com a chamada entrevista de ajuste de status.
Nessa etapa, a presença e orientação de um advogado licenciado é crucial. Isso porque o oficial de imigração vai confrontar todos os documentos enviados ao longo do processo com as respostas fornecidas durante a entrevista. A consistência e veracidade das informações são o foco. Qualquer divergência pode colocar em risco a aprovação do green card.
“Não basta apenas enviar formulários. É preciso sustentar a narrativa com documentos e estar preparado para defender, com tranquilidade, cada ponto apresentado. Esse preparo técnico e emocional faz toda a diferença”, alerta Vinicius Bicalho, advogado licenciado nos Estados Unidos, Brasil e Portugal e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A.
Nos dois cenários, o medo é real. Mas é a clareza sobre o tipo de visto, os requisitos de cada entrevista e o apoio jurídico adequado que transforma insegurança em confiança.