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Desimigração: A nova rota dos imigrantes que pensam em regressar à terra natal 

A desimigração está ganhando força entre imigrantes que decidem regressar à terra natal, seja por motivos econômicos, culturais ou sociais. Este fenômeno reflete mudanças no cenário global, impactando tanto os países de origem quanto os de destino.
Tempo de leitura: 2 minutos
desimigração e retorno à terra natal

Migrantes indocumentados agora consideram retornar voluntariamente a seus países de origem para, no futuro, regularizar sua entrada nos Estados Unidos sem complicações legais.

Washington, D.C., 24 de fevereiro de 2025 – Nos últimos anos, a travessia pelo Darién e outras rotas migratórias desafiadoras se tornou símbolo da busca por uma vida melhor nos Estados Unidos. Agora, um novo fenômeno começa a se desenhar: imigrantes indocumentados repensam sua trajetória e, diante das políticas restritivas de imigração, avaliam a possibilidade de retornar a seus países de origem para evitar complicações legais futuras.

A realidade que muitos enfrentam ao chegarem aos EUA sem documentos tem se tornado cada vez mais desafiadora. Com a intensificação das restrições migratórias, a detenção por entrada irregular pode resultar em registros permanentes, dificultando qualquer chance de legalização futura. Para muitos, a melhor estratégia passou a ser voltar voluntariamente, reestruturar suas vidas e buscar alternativas legais para um retorno seguro.

O retorno como estratégia

Diversos fatores impulsionam esse movimento. A suspensão do CBP One pelo governo Trump eliminou uma das poucas opções acessíveis de pedido de asilo, deixando milhares sem perspectivas de regularização. Além disso, as políticas mais rígidas aumentaram o número de deportações e impediram novos pedidos de entrada para aqueles com registros migratórios negativos.

“Esse é um reflexo direto das mudanças na política imigratória. Muitos que estavam em situação irregular percebem que, ao invés de correr riscos e ficar permanentemente impedidos de legalização, o melhor caminho pode ser um retorno planejado seguido de uma nova tentativa dentro das regras estabelecidas”, analisa Vinicius Bicalho, professor de direito internacional e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A.

“Muitos desses imigrantes não passaram por inspeção ao entrar nos Estados Unidos, o que significa que não há um registro oficial da chegada deles. Para evitar deixar rastros nos registros imigratórios que possam comprometer futuras tentativas de legalização, alguns optam por retornar agora e buscar formas regulares de entrada no futuro”, explica Bicalho.

Os relatos de imigrantes que já passaram pela experiência de tentar se estabelecer nos EUA e agora consideram essa nova abordagem mostram a complexidade da decisão. O investimento financeiro e emocional para chegar à fronteira não é pequeno, e a ideia de recomeçar em outro país ou voltar à terra natal é um dilema difícil.

A adaptação do tráfico de migrantes para explorar essa nova demanda também chama atenção. Com o esgotamento das oportunidades de cruzar a fronteira, muitos contrabandistas passaram a oferecer a “rota inversa”, cobrando quantias significativas para levar imigrantes de volta aos seus países de origem.

Os custos variam de acordo com a rota escolhida. Algumas viagens incluem trajetos marítimos e terrestres arriscados, como a travessia de lanchas entre o Panamá e a Colômbia, que já resultou em tragédias recentes. Apesar dos riscos, muitos veem essa opção como um investimento em um futuro mais estável.

O futuro da imigração e a importância da regularização

A incerteza em torno das políticas migratórias nos EUA faz com que essa nova tendência ganhe força. O conceito de “desimigração” pode parecer contraditório à primeira vista, mas reflete uma adaptação às condições impostas pelo sistema atual. A busca por legalização e estabilidade passa a ser prioridade, e evitar medidas que resultem em registros permanentes pode ser a chave para um novo caminho.

Diante desse cenário, especialistas recomendam que qualquer decisão seja tomada com planejamento e informação. Alternativas legais como vistos de trabalho, programas humanitários e processos de residência permanente devem ser consideradas para evitar novas situações de vulnerabilidade.

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