Como um exame médico em Ellis Island definiu o destino de milhões de imigrantes
WASHINGTON, DC (OUTUBRO 5, 2025) – Entre o final do século XIX e meados do século XX, o sonho americano passava obrigatoriamente por uma pequena ilha localizada no porto de Nova York. Ellis Island funcionava como o principal centro de triagem migratória dos Estados Unidos, recebendo cerca de 12 milhões de pessoas entre 1892 e 1954. Cada imigrante que desembarcava ali era submetido a um exame médico que durava, em média, apenas seis segundos.
Esse breve instante definia quem poderia permanecer no país. O médico observava a postura, o olhar, o caminhar e qualquer sinal visível de doença. Caso algo chamasse atenção, o imigrante recebia uma marca de giz branco no ombro e era encaminhado para avaliações mais detalhadas. Para muitos, essa marca representava uma nova chance. Para outros, o fim de uma longa travessia em busca de uma vida melhor.
Segundo Vinicius Bicalho, advogado licenciado nos Estados Unidos, Brasil e Portugal, professor de direito e fundador e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A., o exame de seis segundos simboliza o ponto de encontro entre saúde pública e política migratória. “Mesmo com as limitações da época, o processo em Ellis Island já demonstrava uma tentativa de conciliar o acolhimento humanitário com a responsabilidade sanitária. Essa preocupação permanece até hoje, com regras mais técnicas e um olhar mais humano sobre o imigrante”, afirma.
Bicalho acrescenta que a experiência de Ellis Island marcou profundamente a história americana. “Cada processo migratório é, antes de tudo, uma travessia emocional. As políticas evoluem, mas o sentimento é o mesmo: a busca por um futuro mais digno, mais estável e mais seguro”, conclui.
Estima-se que um em cada três americanos atuais descendem de pessoas que passaram por Ellis Island. O exame de seis segundos acabou se tornando um símbolo da esperança e da resistência de quem acreditava no recomeço, consolidando o papel da imigração como alicerce da sociedade americana moderna.