De receita trazida por europeus a ícone da cultura dos Estados Unidos
WASHINGTON, DC (SETEMBRO 30, 2025) – O donut, hoje onipresente em cafeterias, reuniões de trabalho e até celebrações oficiais nos Estados Unidos, tem uma origem marcada pela imigração. Longe de ser uma invenção exclusivamente americana, ele nasceu da tradição de estrangeiros que cruzaram o Atlântico.
Foram os imigrantes holandeses, no século XVII, que trouxeram para a Nova Amsterdã, atual Nova York, o olykoek, o “bolo oleoso” frito em gordura. A base dessa receita atravessou gerações até ganhar a característica que transformaria o donut em um produto único: o furo no meio. Essa inovação é atribuída em 1847 ao marinheiro Hanson Gregory, filho de imigrantes europeus, que buscava uma forma de garantir que a massa fritasse por igual.
O ponto de virada definitivo veio no século XX, com Adolph Levitt, um imigrante russo que, em Nova York, criou em 1920 a primeira máquina automática para fabricar donuts em larga escala. Graças à sua invenção, o doce passou das padarias de bairro para se tornar um produto industrializado, exibido em vitrines e acessível a todo o país.
Segundo Vinicius Bicalho, advogado licenciado nos Estados Unidos, Brasil e Portugal e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A., essa transformação traduz o papel da imigração na formação da identidade cultural americana. “A história do donut mostra como contribuições de diferentes povos foram absorvidas, reinventadas e transformadas em símbolos nacionais. O que nasceu como tradição estrangeira ganhou vida própria nos Estados Unidos.”
A dimensão dessa herança cultural pode ser medida em números. Estima-se que os americanos consumam mais de 10 bilhões de donuts por ano, e os Estados Unidos lideram a produção mundial do doce. “Quando falamos em identidade nacional, é impossível ignorar a força da imigração. Até mesmo um ícone gastronômico como o donut é, no fundo, fruto de uma herança imigratória”, conclui Bicalho, professor de direito imigratório e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A.
O donut, portanto, é mais do que uma sobremesa: é a prova de que a história dos imigrantes também é a história dos Estados Unidos.