Fiscalização histórica reforça que nem mesmo grandes corporações estão imunes a penalidades severas
WASHINGTON, DC (SETEMBRO 12, 2025) – A megaoperação conduzida pelo U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE) em Ellabell, na Geórgia, colocou a indústria automotiva global em alerta máximo. Aproximadamente 475 trabalhadores foram detidos em um canteiro de obras da Hyundai Motor Group e da LG Energy Solution, com mais de 300 sul-coreanos entre os envolvidos, após meses de investigação sobre possíveis violações das leis de imigração americana.
As autoridades apuram o uso irregular de vistos B-1/B-2 e do programa de isenção de visto (Visa Waiver), que não permitem trabalho remunerado. Mesmo trabalhadores com vistos válidos foram temporariamente detidos para verificação. O empreendimento, que representa um investimento superior a US$ 12,6 bilhões e a criação de mais de 8.500 empregos, teve sua planta de baterias paralisada e deve enfrentar atrasos de pelo menos 2 a 3 meses no cronograma de operação.
Embora ainda não haja acusações criminais formais contra Hyundai ou LG, as penalidades podem incluir multas milionárias, processos civis, proibições de reentrada para trabalhadores e sanções administrativas aplicadas pelo ICE e pelo Department of Labor (DOL). As investigações focam também nas empresas terceirizadas responsáveis pela contratação da mão de obra, evidenciando que a cadeia de fornecedores precisa cumprir rigorosamente as exigências legais.
Para o advogado licenciado nos Estados Unidos, Brasil e Portugal e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A., Vinicius Bicalho, o episódio é um alerta global. “Nem mesmo relações diplomáticas sólidas entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul são capazes de contornar a aplicação da lei. Empresas desse porte precisam de equipes jurídicas internas integradas a advogados especializados em imigração para auditar fornecedores, revisar contratos e assegurar que cada trabalhador atenda aos requisitos legais”, afirma Bicalho.
O especialista reforça que a prevenção é a única estratégia segura em um ambiente regulatório cada vez mais rigoroso. “As empresas, independentemente do porte, devem contratar advogados especializados em imigração, seja como parte do quadro permanente, seja em regime de consultoria. Essa medida evita que uma eventual falha, mesmo em níveis terceirizados, coloque em risco o plano de negócios, cause atrasos bilionários e abale a credibilidade da marca”, alerta Bicalho.
Ele acrescenta que o compliance imigratório deve ser tratado com o mesmo peso que a governança financeira ou a auditoria de qualidade. “Não se trata apenas de cumprir a lei, mas de proteger o investimento. Uma planta de bilhões de dólares pode ter suas operações comprometidas se a base legal de contratação não for sólida e auditada regularmente”, conclui Bicalho.
A operação demonstra que, mesmo em projetos estratégicos para a economia americana, nenhuma empresa está acima da lei. Para multinacionais que pretendem expandir suas operações nos Estados Unidos, a mensagem é clara: compliance imigratório não é um diferencial competitivo, mas uma exigência vital para a sustentabilidade e a credibilidade dos negócios.