Investimentos diretos norte-americanos reforçam integração e desenvolvimento sustentável
WASHINGTON, DC (SETEMBRO 9, 2025) – O relacionamento entre Estados Unidos e Brasil pode oscilar no campo político, mas os dados mostram que, quando se trata de desenvolvimento externo, os EUA permanecem fundamentais.
Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, o estoque de investimento direto (FDI) norte-americano no Brasil alcançou US$ 87,9 bilhões em 2023, frente a US$ 71,7 bilhões em 2021. Apenas em 2023, o Brasil recebeu cerca de US$ 10 bilhões em novos investimentos, segundo o Banco Central, consolidando os EUA como o maior investidor estrangeiro do país. Na América Latina, estima-se que os EUA respondam por 38% do total de investimentos diretos.
Essa pauta foi o centro da segunda edição do LIDE Brazil Development Forum, em Washington, encontro que reuniu autoridades, investidores e especialistas para discutir infraestrutura, sustentabilidade, segurança e o papel do Brasil no cenário internacional.
Na visita da comitiva à sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, anunciou que o banco vai destinar US$ 2,5 bilhões para apoiar países da região em emergências de segurança pública. “O crime organizado não pode ser enfrentado país a país”, afirmou ao detalhar a criação de uma aliança multilateral voltada à segurança.
Goldfajn também destacou que o BID Invest, braço privado da instituição, está em processo de capitalização: “Se hoje 44% do financiamento já passa pelas empresas, nós vamos dobrar o tamanho do BID Invest”. Para ele, a América Latina dispõe de ativos estratégicos como alimentos, energia limpa, Amazônia e minerais críticos, mas carece de maior integração. “Temos um mercado de 660 milhões de pessoas e um PIB de US$ 6,6 trilhões, mas apenas 15% do comércio é dentro da região. A Ásia chega a 55% e a Europa a quase 70%.”
A chefe da representação do BID no Brasil, Anette Kilmer, reforçou o potencial brasileiro em clima, tecnologia e demografia, destacando projetos como o EcoInvest (transição verde), o Profisco (reforma tributária) e leilões que já somam R$ 74 bilhões para recuperação de terras degradadas. No total, o BID mantém R$ 42 bilhões em financiamentos com estados e municípios brasileiros e prepara, junto ao governo federal, um programa para atrair investimento estrangeiro e apoiar empresas no comércio exterior.
No fórum, o vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth, anunciou a contratação de um empréstimo de R$ 900 milhões com o BID para projetos ferroviários e de modernização administrativa. O recurso será destinado ao avanço do trem intercidades, que ligará São Paulo a Campinas, Sorocaba e São José dos Campos, além da implementação de VLTs em Campinas e Sorocaba. “O empréstimo em reais elimina o risco cambial, já que nossa arrecadação também é em reais, garantindo previsibilidade ao planejamento do Estado”, afirmou.
Segundo Vinicius Bicalho, advogado americano, fundador e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A., o impacto dessa cooperação é evidente:
“Os Estados Unidos, por meio de investimentos diretos e organismos multilaterais como o BID, seguem como catalisadores da transformação brasileira. O desafio é estratégico: aplicar esses recursos em projetos que reforcem a competitividade regional e preparem o Brasil para as mudanças do comércio e da economia global.”
A mensagem que ecoou em Washington é clara: divergências políticas não devem obscurecer a força da cooperação econômica. Para o Brasil, os EUA permanecem parceiros-chave em seu desenvolvimento e inserção internacional.