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One Big Beautiful Bill Act: Entenda as mudanças em imigração 

Após aprovação no Senado, o One Big Beautiful Bill Act propõe mudanças profundas na política migratória dos EUA. O projeto eleva taxas para processos como asilo, ajuste de status e autorização de trabalho, além de reforçar o investimento em fiscalização de fronteira. A medida impacta diretamente imigrantes, empresas e trabalhadores temporários, exigindo planejamento e adaptação diante de um sistema mais caro e rigoroso.
Tempo de leitura: 2 minutos
One Big Beautiful Bill Act
Fonte: Shutterstock

Após aprovação no Senado, proposta que redefine taxas e amplia fiscalização migratória aguarda análise final na Câmara dos Representantes

WASHINGTON, DC (JULHO 2, 2025)

O projeto de lei de reconciliação orçamentária H.R. 1, batizado de “One Big Beautiful Bill Act”, foi aprovado pelo Senado com poucas alterações em relação à versão original aprovada pela Câmara dos Representantes. Com isso, o texto retorna agora à Câmara para votação final e, caso seja aprovado sem mudanças adicionais, seguirá para sanção presidencial.

Para o advogado licenciado nos Estados Unidos, Brasil e Portugal e CEO da Bicalho Legal Consulting P.A., Vinicius Bicalho, trata-se de um movimento legislativo com impactos concretos e imediatos para comunidades imigrantes nos EUA.

“Em termos práticos, o projeto prevê aumentos substanciais de taxas para processos migratórios essenciais e praticamente elimina a possibilidade de isenção para quem não pode pagar. Isso torna o sistema mais restritivo e menos acessível a quem busca vias legais de permanência”, explica Bicalho.

Entre as principais mudanças propostas no H.R. 1 estão:

  • Taxa de US$ 1.000 para pedidos de asilo
  • Taxa de US$ 1.000 para indivíduos liberados sob ‘parole’
  • Taxa de US$ 500 para TPS (Status de Proteção Temporária)
  • Taxa anual de US$ 100 enquanto pedidos de asilo estiverem pendentes
  • Taxa de US$ 1.500 para ajuste de status (green card)
  • Taxa de US$ 1.050 para pedidos de dispensa de inadmissibilidade
  • Taxa de US$ 900 para moções de reabertura ou reconsideração
  • Taxa de US$ 30 para o formulário I-94 (registro de entrada/saída)

Além disso, o projeto prevê renovações de autorização de trabalho (EAD) a cada seis meses, com taxa de US$ 550 por renovação para categorias como TPS, asilo e parole humanitário.

Outro ponto relevante é que essa nova estrutura de arrecadação beneficiaria diretamente o U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS), uma vez que a agência enfrenta problemas estruturais e orçamentários há anos. Sem financiamento federal direto suficiente, o USCIS depende majoritariamente das taxas cobradas dos próprios imigrantes para manter suas operações. A expectativa é que o aumento de valores permita investimentos em infraestrutura, tecnologia e contratação de pessoal, embora não esteja claro como isso impactará prazos ou qualidade dos serviços prestados.

Segundo Bicalho, também chama atenção o investimento massivo em fiscalização e tecnologia de fronteira. O texto autoriza mais de US$ 60 bilhões para a U.S. Customs and Border Protection até 2029, quadruplicando o orçamento anual da agência. Esse montante servirá para ampliar instalações, contratar milhares de novos agentes e investir em tecnologias de vigilância e biometria, potencialmente elevando o nível de escrutínio em portos de entrada para imigrantes com visto ou green card.

“O projeto não se limita a cobranças mais altas. Ele propõe um aparato de fiscalização mais robusto, o que, embora seja justificado como aumento de segurança, pode gerar atrasos, exigências mais complexas e questionamentos adicionais para quem entra legalmente no país”, analisa Bicalho.

Outro elemento que chama a atenção é o impacto econômico direto: institui-se um imposto de 3.5% sobre remessas internacionais feitas por não-cidadãos, afetando trabalhadores que sustentam famílias no exterior. Também há cortes ou restrições no acesso a benefícios sociais, incluindo redução de recursos para Medicare e exclusão de muitos trabalhadores temporários, como os de visto H-1B, de créditos fiscais para prêmios de planos de saúde.

Para Bicalho, o cenário exige planejamento criterioso por parte de empresas e indivíduos que dependem de processos migratórios para viver e trabalhar nos Estados Unidos. “Se aprovado como está, o projeto mudará substancialmente o custo, o tempo e a complexidade para quem busca regularidade migratória no país. Será essencial ajustar estratégias e recursos para enfrentar essas mudanças”, conclui.

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